Theresa Catharina de Góes Campos

 
INSENSATEZ NO TRÂNSITO

Tereza Halliday – Artesã de Textos

A convivência nas ruas torna-se muito mais perigosa e estressante por causa da falta de noção, imprudência, arrogância, distração de motoristas e pedestres que desconhecem as regras de comportamento no trânsito, ou as conhecem e não estão nem aí para sua própria segurança e a dos outros. A “inguinorança”, nos dois sentidos, torna o trânsito pior.

Insensatez n. 1 – Distorção do significado da luz amarela nos semáforos. Segundo o Código Nacional de Trânsito, significa, realmente, “diminua a velocidade e pare”. Porque o sinal vermelho aparecerá imediatamente depois do amarelo. Os motoristas traduzem por “acelere e passe”, frequentemente furando o sinal vermelho. Uma engenheira de tráfego me explicou que a luz amarela nos semáforos acontece unicamente para permitir que o motorista que já estiver no cruzamento, complete a travessia antes do sinal vermelho. Quem vem se aproximando do cruzamento é para cumprir a determinação “diminua a velocidade e pare”. Não é para comer pelas beiras, levando um ridículo segundo de vantagem e gerando perigos.

Insensatez n. 2 – O motorista não sinalizar se vai mudar de pista, virar à esquerda ou à direita. Chamadas luzes de cortesia, as luzes pisca-pisca na traseira do veículo são mais que isto – são necessárias para evitar acidentes. Mas a amnésia está aumentando entre motoristas quanto ao uso desse recurso de segurança do tráfego. Os desligados da vida real simplesmente não as usam.

Insensatez n. 3 – comportamento arriscadíssimo, por ignorância, afoiteza ou bobeira dos pedestres. A regra “o pedestre na faixa tem prioridade” é interpretada por muitos como licença para atravessar a rua em qualquer lugar. Na faixa, mesmo que o sinal esteja fechado para pedestres. Fora da faixa, em qualquer ponto da pista, atravessam na maciota, sem apressar o passo, como se estivessem passeando. Desconhecedores da elementar lei da Física: mesmo dentro da velocidade permitida, há um certo tempo para conseguir parar o veículo. Muitos atropelamentos não são por loucura do motorista, mas porque o pedestre não está consciente dessas questões de velocidade e inércia de um corpo pesado em movimento. Pensa que “vai dar para atravessar” e joga no motorista a responsabilidade completa pela segurança da travessia.

Por falta de espaço, não incluo aqui as faltas de noção, audácias deletérias e complexos de superioridade de muitos motoqueiros e ciclistas. Seus desmandos e desmantelos, contravenções e crimes de trânsito merecem reportagens de página inteira.

Comportar-se com prudência e consideração pelos outros, em todos os espaços da vida, deve ser aprendido muito cedo e ser objeto de educação continuada. Mas a educação permanente, para o trânsito e para outras interações, não é prioridade entre nós. Nem prever consequências está entre as virtudes brasileiras. Lascamo-nos todos por este traço do caráter nacional.
(Diário de Pernambuco, 24/3/2014)
 
 

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