Theresa Catharina de Góes Campos

 
O TURISMO A DESENVOLVER

No Brasil, as autoridades governamentais têm relegado o turismo a um lugar de pouca importância, sendo isso um grande erro. Ocorre que, num país em processo de desenvolvimento e se considerando a crise econômica mundial da atualidade, os problemas financeiros mais facilmente reconhecidos parecem canalizar a nossa atenção. Nas discussões políticas, por exemplo, são temas comuns: inflação, desemprego, miséria. Apenas os representantes da indústria hoteleira e de companhias de turismo parecem dispostos a incrementar o setor e debater suas características. Esquecemo-nos, sobretudo, de que falamos de uma riqueza inesgotável, ao contrário do que se encontra no fundo das minas e de outros tipos de reservas financeiras, econômicas e minerais. “Sem chaminés,” a indústria turística não polui o ar que respiramos; entretanto, como a sua presença se integra a uma paisagem natural, muitas vezes a ignoramos, como se fosse invisível.

Nossa dívida externa exige uma solução que objetive o estabelecimento de uma balança comercial positiva. Precisamos de divisas – com urgência – e uma das maiores fontes de criação de divisas tão necessárias pode ser uma política inteligente de turismo interno. Há nações que alcançam a sua prosperidade exclusivamente do turismo (o Principado de Mônaco), enquanto outros países obtêm, do fluxo constante de turistas nacionais e estrangeiros, recursos consideráveis, depois aplicados em áreas as mais diversas (Estados Unidos, França, Espanha, etc.). Em beleza natural, vantagens climáticas e variedade de opções, não somos inferiores a nenhum país. A tais vantagens, podemos acrescentar: a hospitalidade de nosso povo, a atração exercida por nossos costumes e nossas manifestações culturais e artísticas da mais alta criatividade e qualidade.

O que nos faltam são incentivos fiscais e promoções adequadas, bem como o estabelecimento de uma estrutura básica, de apoio ao turista, em todos os pontos do território brasileiro.

Nas nações consideradas como as mais adiantadas, o planejamento turístico se fez como parte integrante e essencial do orçamento total do país. Meta governamental, valorizada pelos recursos de que necessita o turismo. Atualmente, é o setor que mais cresce, na economia das nações industrializadas.

No Brasil, o potencial turístico pode oferecer uma nova esperança aos milhões de desempregados. Organizações de ensino como o SENAC e o SENAI, assim como os cursos de Turismo de nível superior, devem receber mais apoio e maior divulgação, inclusive entre os que ainda estão escolhendo a sua área de atuação profissional. Na formação do civismo indispensável ao fortalecimento da nacionalidade, o turismo representa igualmente um campo a ser considerado em todos os seus aspectos.

Assim, de qualquer ângulo, sempre parecem louváveis todas as iniciativas que visem a um plano de desenvolvimento turístico conveniente a este momento histórico e de acordo com os interesses nacionais.

De grande valor também seria desenvolver aqui uma campanha educativa, de conscientização das massas, de maneira que a população se colocasse no papel de guia informal, conscientizando os cidadãos sobre o dever de proteger e divulgar nossas belezas naturais. A essas, o engenho, a criatividade do brasileiro acrescenta – com sucesso – obras que bem expressam os frutos de seu trabalho e de sua capacidade, além de manifestações culturais que são motivo de orgulho para sucessivas gerações.

Theresa Catharina de Góes Campos
Brasília - DF, 28 de janeiro de 1984
 
 

Jornalismo com ética e solidariedade.