Theresa Catharina de Góes Campos

 


AMPARO

            Uma das questões que mais preocupa os educadores, os professores, os pais e os grupos que trabalham com jovens nos dias de hoje, é a forma como eles têm tentado resolver problemas e crises em todos os aspectos: familiar, social, profissional e pessoal.

            Essa geração tem mostrado uma aparente maturidade, que não é real. O fato de aprenderem mais rápido, terem acesso a informações que há vinte anos nem imaginávamos, não quer dizer que tenham condição individual de administrarem conflitos.

            Muitos jovens, diante de uma sociedade caótica, não têm conseguido tomar decisões e elaborar propostas de vida coerentes e positivas. Sociedade esta, quero dizer, confusa nas relações sociais que estabelece: famílias permissivas, grupos de amigos perversos e fúteis e uma rede profissional bem competitiva. Muito  ligados às questões materiais, onde valores morais estão se perdendo. Ter é mais importante do que ser. A noção de respeito, valorização pessoal e até do amor, fica em segundo plano.

            E nesse meio social competitivo, superficial e sem regras, vem a frustração de forma arrasadora. A maioria dos nossos jovens não tem tido capacidade emocional nem posicionamento cognitivo para passar por essas frustrações, e vão compensando de forma cada vez mais inadequada. Nesse momento,  aparecem as drogas, o desrespeito (bulling, preconceito) e assim começam a passar por cima dos outros a qualquer custo. Transformam-se então em pessoas perdidas e infelizes.

            Temos que ajudá-los, desde pequenos, a terem segurança, autonomia, noção do próximo e valores de forma geral, para que possam passar por essas situações com mais tranquilidade.

            Mostrar que em nosso mundo temos regras e limites e que isso é de extrema importância na construção da segurança interna de uma pessoa.

            Precisamos ajudá-los na percepção de seus sentimentos e de suas capacidades, pois necessitam de ajuda para identificar e resolver problemas. Precisamos proporcionar a vivência de situações, participando de organizações domésticas e sociais e incentivando a autonomia e as tomadas de decisões e de atitudes.

            Precisamos estimular a construção de desejos e objetivos de vida, que possam motivar sempre esta pessoa, e que assim estes aspectos não permitam que as crises façam o jovem optar por resoluções rápidas e, muitas vezes negativas, inconsequentes e sem volta.

Ainda é tempo e é possível
            Quando viemos para a associação, alguns de nós dissemos que não sabíamos se éramos ou não dependentes. Sabíamos que éramos infelizes e que bebíamos e consumíamos drogas demais. Mas não tínhamos decidido se éramos infelizes porque consumíamos entorpecentes demais ou se consumíamos entorpecentes demais porque éramos infelizes.

            Sugeriram-nos que tentássemos mudar o padrão, parando de consumir drogas e seguindo os Doze Passos para ver se nossas vidas não mudavam. Mudaram! Viemos a acreditar que não existe problema que um gole, uma dose de entorpecente ou uma pílula não piorem e não possam ser evitadas.

            Estou convencido de que a abstinência é o único caminho?           
              “Senhor, ajuda-me a transmitir esta mensagem: se simplesmente não tomarmos um gole, uma pílula ou uma dose de entorpecente, nossas vidas mudarão para melhor.”

HAROLDO J. RAHM – PRESIDENTE EMÉRITO DO INSTITUTO PADRE HAROLDO E DO AMOR-EXIGENTE
 

 

Jornalismo com ética e solidariedade.