Theresa Catharina de Góes Campos

     

De: Instituto Bem Cultural 
Data: 30 de abril de 2015
 

Chão de Flores

 

“Com a paleta de cores de um Volpi extasiado”, mostra fotográfica de Zuleika de Souza retrata uma Brasília de estética divergente, bela e humana

 

De 9 de maio a 29 de junho, o Centro Cultural Banco do Brasil – Brasília (CCBB-Brasília), recebe a mostra fotográfica Chão de Flores, de Zuleika de Souza. Coletadas ao longo de oito anos, as imagens retratam muros, paredes, fachadas e grafites que apresentam uma Brasília de estética divergente, criada por pessoas que buscam resgatar suas raízes e demonstrar resistência ao igual e ao indiferente.  Com curadoria de Paula Simas, projeto expográfico de Ralph Gehre e textos de Conceição Freitas, Daniel Mangabeira e Luiza Venturelli, a exposição terá uma programação paralela, com oficinas de fotografia e projeção ao ar livre. A entrada para a mostra é gratuita e livre para todos os públicos. A participação nas oficinas é gratuita, mas sujeita à disponibilidade de vagas e livre para todos os públicos.   

                                                                                

Quanto mais nos afastamos do centro da cidade, mais vemos o diverso, o improvisado, a diversidade, a cor. “Se é arte, não sei, mas é uma forma totalmente diferente da estabelecida por arquitetos e designers de interiores que as pessoas encontraram para habitar Brasília”, afirma Zuleika de Souza. A presença da cor, dos padrões e da falta de ordem criou uma cidade com estética paralela à de Lucio Costa e Niemeyer, mas ainda assim reconhecível e habitada. Desde 2008, a fotógrafa circula por regiões como Recanto das Emas, Ceilândia, Vila Planalto e não raro volta para casa com farto material para se debruçar em busca de espaços que contem histórias e ofereçam beleza, em lugar degradado e sem a presença do Estado divulgado à exaustão pelos meios de imprensa. “As dificuldades existem ali, mas também existe beleza, harmonia, leveza de formas. Só que de uma maneira diferente”.

 

“Volpi extasiado”

Para a curadora da mostra, Paula Simas, Zuleika realiza, por meio de um recorte jornalístico, um retrato artístico da cidade que viu crescer e se desenvolver. Com um apurado olhar sociológico, Zuleika percebeu ao longo dos anos a nítida ascensão social da população que vivia à margem do poder e da modernidade. Enquanto uns procuram enxergar apenas buracos e infortúnios, Zuleika atrai o olhar do espectador para mostrar beleza e dignidade.    

 

A ideia de fotografar muros, casas e detalhes internos das residências surgiu depois que Zuleika visitou uma das regiões administrativas e sugeriu a pauta à jornalista Conceição de Freitas, que assina um dos textos da mostra. “As casas das cidades-satélites estão coloridas!  Zuleika já vinha fotografando as fachadas pintadas nas cores das bandeirinhas de São João. Depois da matéria publicada, seguiu documentando a arquitetura popular brasiliense, uma outra arquitetura, que de moderna restou pouco. As casinhas viraram sobrado, perderam o telhado, ganharam puxadinhos e toda a paleta de cores de um Volpi extasiado”, afirma Conceição. 

 

 O mármore branco e o toque áspero e rude do concreto aparente ficaram nos palácios monumentais. “As cidades-satélites são fogosas, divertidas, singelas, floridas. São escolas de samba em eterno desfile nas avenidas da periferia da modernidade”, sentencia.

 

Para a fotógrafa e professora do departamento de comunicação da Universidade de Brasília, Luiza Venturelli, a obra de Zuleika transita entre o fotojornalismo e a fotografia de autor, resultando uma linguagem própria e um trabalho criativo e original. Tudo acontece a partir de um olhar revelador e instigante, fruto de sua vasta experiência em retratar editorias de moda e, bem antes disso, as histórias da cidade. “...Que ela nos apresente essas casas como se vestidas estivessem para uma noite de gala. Os petits-pois sobre um fundo vermelho, o amarelo e verde, o azul pavão, o roxo, o amarelo-ocre, o rosa e até mesmo o arco-íris completo, explodem como gritos de desobediência às normas acadêmicas de uma arquitetura erudita”, afirma Luiza em seu texto para a mostra.

 

Imersão total

O arquiteto Daniel Mangabeira, autor de um dos textos presentes no catálogo da mostra, lembra que a arquitetura brasileira é, em grande medida, reconhecida no exterior por construções monocromáticas. No entanto, a cultura popular nacional é de forma genérica associada ao uso excessivo de cores e texturas. “55 anos após a sua inauguração, a capital brasileira apresenta contradições que retratam a nossa complexidade cultural e a realidade de grande parte das nossas cidades. Brasília não é apenas o Plano Piloto. Uma outra Brasília tão ou mais real do que a planejada é apresentada aqui pela fotos de Zuleika”.

 

Chão de Flores apresenta ao público 56 fotografias em diversos tamanhos, formatos e suportes. Seis plotagens em lona plástica e uma adesivação recebem o público na Galeria 4. Na parte interna, 49 impressões em papel fine art e pigmento mineral apresentam aos brasilienses sua cidade a partir de uma nova abordagem. Contígua à sala de exposições, a sala de Interação traz um totem em que os visitantes podem clicar em um mapa e ver mais locais retratados por Zuleika de Souza.
 

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Convite para Abertura: 
 

Favor confirmar presença pelo telefone 31087630.

 

Arquivo anexo:

Save The Date_Chao De Flores.pdf

 

 

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