Theresa Catharina de Góes Campos

     
O RESGATE

Ser ignorada é dor profunda.
Como ausência de carinho,
facilmente magoa e derruba.
A tristeza pesa mais que eu.
Sinto-me exausta, exaurida
de toda força antes reunida.

Recorro à fé, à energia do coração.
Colocam-me de pé, mais uma vez
determinada a seguir no caminho.

A espiritualidade me resgata.
A bondade já me levanta...
De um domingo feliz, recolho
para mim todas as alegrias.

Theresa Catharina de Góes Campos
Brasília - DF, 31 de maio de 2015

De: L.
Data: 1 de junho de 2015

Querida Theresa, talvez você tenha percebido que não tenho mais respondido ou escrito nada para você. Além de ter ficado sem o meu computador, que está doente como eu, não tenho vontade para nada. Muita preguiça, um marasmo total, tristeza profunda, sem nenhum prazer para a vida!!!
Não esqueci de você. Infelizmente, as tragédias continuam na minha vida.
Tinha falado que tinha perdido o meu irmão em dezembro do ano passado. Este ano, no dia 18 de fevereiro, aniversário do meu irmão mais velho, fui lá para lhe dar um abraço. Jamais imaginei que iria encontrá-lo morto na sua cama. "Infarto agudo do Miocárdio". Não preciso dizer, nem descrever o impacto, o choque pelo qual eu passei. É muito sofrimento, insuportável. Não consigo me refazer...
Hoje, ao ler a sua poesia, "O Resgate", não tive dúvidas em escrever, pois a poesia foi feita para mim.
Obrigada
Abraços e beijos. Saudade
Leman

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De: Theresa Catharina de Góes Campos
Data: 1 de junho de 2015
Para: L.

Querida L.:
Percebi o seu silêncio, sem nada perguntar, por duas razões: talvez estivesse com muitos compromissos ou viajando; se fosse um motivo íntimo, particular, a mim cabia respeitar, esperando uma palavra sua.
Estou torcendo muito por você - tenho fé em sua capacidade para se reerguer, embora saiba que não é nada fácil. Acredito em sua resiliência. Por favor, tente!

Procure não passar um período longo demais sem consertar o computador, pois ele facilita a comunicação, a expressão de sentimentos. Não se isole. Retorne aos eventos culturais: cinema, concertos, teatro. Seus amigos devem estar ansiosos para reencontrar você.

Caso perceba que, mais uma vez, se sente com depressão, por favor volte a consultar o médico, para logo ser medicada.
Como eu e você, algumas pessoas experimentam tragédias em sua vida. Podemos derrubá-las, impedindo que nos derrubem - isso é o mais importante!
Relembre a alegria pela convivência que teve, durante tantos anos, com os dois irmãos queridos (na verdade, ambos já estão na imortalidade, dimensão para a qual, um dia, igualmente iremos e lá nos reencontraremos). Como eu disse, em meu poema mais recente, a fé e a bondade nos colocam de pé, apesar de tudo! Em outra poesia de minha autoria, afirmei:

http://www.theresacatharinacampos.com/comp2684.htm

Recordo com enorme carinho - e saudade - todas as suas gentilezas para comigo (caronas, inclusive), aí em SP, assim como as nossas conversas e troca de informações.
Ótimo saber que meus escritos "se comunicam" com você. Quem escreve como vocação profissional, como esta jornalista e escritora, tem esse objetivo.

Um beijo e a estima da amiga
Theresa Catharina


De: Joao Vianey de Farias
Data: 1 de junho de 2015

Que maravilha de mensagem, Theresa!

Suas palavras poéticas e verdadeiras encontraram guarida e propiciaram um bálsamo no coração de um ser humano que precisava desse alento, desse RESGATE.

Cumpriu a finalidade, sem sombra de dúvidas!

Um abraço fraterno,
João Vianey de Farias

"O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim; esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem" (Guimarães Rosa)


de: Monaliza Arruda
data: 2 de junho de 2015

Bem tocante, o poema; ficou bom, o final - é este que a representa hoje.
Gostei muito da resposta para sua amiga; tenho certeza de que vai ajudar bastante neste recomeço.
Abraços fraternos de sua amiga Monaliza.

 

Jornalismo com ética e solidariedade.