| Federico GARCIA LORCA, dedicado ao teatro e à 
								poesia - Reynaldo Ferreira 
 De: Reynaldo Ferreira
 Data: 27 de agosto de 2016
 Assunto: Federico GARCIA LORCA, dedicado ao 
								teatro e à poesia - Reynaldo Ferreira
 Para: Theresa Catharina de Goes Campos
 
 Prezada Theresa Catharina,
 
 Agradeço-lhe a reprodução do meu texto, em seus 
								blogs, sobre Federico Garcia Lorca, que alcançou 
								boa repercussão, também entre os meus 
								correspondentes, mas que, como nele reclamo, as 
								contradições sobre o desaparecimento do grande 
								poeta e dramaturgo espanhol, há oitenta anos, 
								continuam sendo muitas, acho ser necessário 
								corrigir a informação, obtida, recentemente, de 
								boa fonte, também jornalística, de que a família 
								dele teria gasto uma fortuna na exumação de 
								corpos, encontrados num determinado ponto da 
								Andaluzia, e não encontrado o dele. Ao que 
								consta, a informação não procede.
 
 De acordo com a matéria, "24 Passos e 78 Anos, 
								em Busca de Lorca", assinada pela jornalista 
								Natalia Junquera, publicada, neste final de 
								semana, pelo jornal El País, a família Lorca, 
								pelo contrário, sempre se mostrou em desacordo à 
								exumação do corpo de Federico ou mesmo à procura 
								dele, talvez por que não tenha a convicção de 
								que ele possa haver sido morto junto com os 
								inúmeros líderes da esquerda da região, 
								eliminados pelas cruéis forças franquistas, já 
								que, como também acredito, nunca fora um deles. 
								A História do Mistério, segundo a articulista, 
								tem a seguinte cronologia:
 
 1955, Manuel Castilla, "El Comunista", que disse 
								ter enterrado Lorca junto com o professor 
								Dioscoro Galindo e os toureiros Francisco Galadi 
								e Joaquín Argollas, fornece ao investigador 
								norte-americano Agustin Penón informações sobre 
								o local do sepultamento: um ponto em Alfacar;
 
 1966, Castilla indica o mesmo lugar para o 
								biógrafo irlandês de Lorca, Ian Gibson;
 
 2008, o Juiz Luiz Baltasar Garzón ordena 
								exumação de 19 valas comuns, incluindo aquela em 
								que supostamente estava Lorca. A Audiencia 
								Nacional paralisa o processo;
 
 2009, em setembro, começam as escavações em 
								Alfacar, financiadas pela Junta da Andaluzia. 
								Após um mês e meio de trabalho e 70 mil euros (cerca de 218.400 reais) de investimentos, apenas 
								uma pedra foi encontrada;
 
 2014, uma nova equipe escava outra possível 
								localização da cova de Lorca, em Peñon Colorado, 
								com um financiamento de 15 mil euros (aproximadamente 46.800 reais), da Junta de 
								Andaluzia, sem também obter qualquer resultado.
 
 Era o que precisava complementar no meu texto 
								anterior. Obrigado, RDF
 
 Federico GARCIA LORCA, dedicado ao teatro e à 
								poesia - Reynaldo Ferreira 
 De: Reynaldo Ferreira
 Data: 23 de agosto de 2016
 Assunto: Federico Garcia Lorca
 
 A imagem abaixo é do livro "Salvador Dali, 
								Federico Garcia Lorca, Correspondance 
								(1925-1936)",
 
 Carrere, 1987.
 
 Neste agosto, de 2016, completam-se oitenta 
								anos, poder-se-ia dizer, de falsas suposições e 
								intuitas mentiras sobre o desaparecimento do 
								grande poeta e dramaturgo Federico Garcia Lorca, 
								durante a Guerra Civil Espanhola. De tudo que já 
								foi exaustivamente dito e escrito sobre o 
								infausto acontecimento, nada se comprova até 
								agora. Não se sabe realmente o que aconteceu. 
								Nem a CIA, que tinha seus espiões - incluindo 
								Ernest Heminghway- infiltrados nos meios 
								contundentes da guerra, foi capaz de elucidar o 
								mistério, a pedido do presidente Eisenhower, 
								quando, em visita ao generalíssimo Franco, em 
								Madri, tratou, com ele, do assunto, conforme 
								informa um comentarista de El País. E Franco 
								muito menos sabia (ou fingiu não saber, o que é 
								mais provável) sobre o que realmente acontecera. 
								Numa guerra, segundo deixou compreender, todos 
								os equívocos podem ocorrer. E podem mesmo. A 
								morte de Federico, segundo o ditador, escapara 
								ao seu conhecimento. E a coisa ficou assim.
 
 Durante muito tempo, entre os biógrafos do 
								poeta, acreditou-se que ele havia sido fuzilado 
								numa noite de junho, de 1936, pelas forças do 
								governo. Mas depois, de acordo com depoimentos 
								de pessoas, que conviveram com Garcia Lorca, ou 
								mesmo de quem participara das forças franquistas, 
								fixou-se a data de 18 de agosto como a mais 
								provável. Ele próprio, segundo seus algozes, 
								teria cavado, naquela noite, a sua sepultura, 
								num determinado ponto da Andaluzia, debaixo de 
								uma árvore, onde outros esquerdistas foram 
								enterrados. A família Lorca gastou uma fortuna 
								para exumar todos os corpos ali encontrados, mas 
								o do autor de "Bodas de Sangre" lá não foi 
								localizado. Nem vestígios dele.
 
 A mim convencem pouco os argumentos de que 
								Federico teria sido morto por ser militante 
								esquerdista. Ele foi, sim, um militante do 
								teatro e da poesia. Como Salvador Dali, com quem 
								viveu durante algum tempo, era um hedonista e, 
								também como o pintor, que se cercara de 
								milionários da Flórida - onde existe hoje, em 
								Saint Petersbourg, perto de Miami, um museu com 
								o maior acervo de suas obras fora da Espanha -, 
								depois de um périplo pela Argentina, Uruguai, 
								Cuba e Estados Unidos, decidira fixar residência 
								em Nova York, onde, morando na Universidade de 
								Colúmbia, escrevera o livro " O Poeta em Nova 
								York". Retornara ah Espanha, em plena ebulição 
								da guerra, apenas para providenciar a mudança de 
								seus pertences para a cidade de Walt Whitman, 
								que o encantara, quando foi sequestrado e 
								morto... A questão assim permanece. Mas quem ama 
								a obra do grande Federico, dele jamais se 
								esquece! RDF
 
 
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