Theresa Catharina de Góes Campos

     
Memórias, memórias e memórias - Reynaldo Ferreira


De: Reynaldo Ferreira
Data: 13 de setembro de 2016
Assunto: Memórias, memórias e memórias
Para: Theresa Catharina de Goes Campos

Algum suspense, de lances cinematográficos, quase ao estilo do mestre Hitchcok, que pretendo talvez, um dia, aproveitar em livro. O meu amigo, jornalista José Escarlate, por quem tenho admiração e afeto, desde quando fomos colegas, na Agência Nacional, no seu meritório esforço atual de relatar episódios do jornalismo e também vividos por jornalistas, em Brasília, dos tempos passados, me privilegia, rememorando, com certa graça, no blog Direito Global, o fato, que lhe pareceu inusitado, mas que, de fato, não é (ou não era, na época ) - como pretendo esclarecer - de eu haver perdido minha ex-mulher, durante a viagem de núpcias pela Europa, em dezembro de 1973, vésperas, mais ou menos, do Natal, no trecho, de ligação ferroviária, entre Berna, capital da Suíça, e Munique, no sul da Alemanha.

O comboio lotado, que fazia então esse percurso, era do tipo expresso, com parada única prevista, de reduzido prazo, em Zurique, importante centro financeiro suíço. Justo por ter o trem essas características, segundo me esclareceram funcionários da Embaixada do Brasil, em Berna - para onde retornei, tão logo o sucedido, a fim de pedir ajuda, -, que fatos, como o que me ocorreu, aconteciam com regularidade, principalmente, com brasileiros. Os diplomatas me citaram, como exemplos, entre outros, o caso, também ocorrido, com a figura conhecida, igualmente do jornalismo, de Celso Ming, editor de Economia, de "O Estado de S. Paulo", o que, até hoje, entretanto, não consegui confirmar.

A propósito, vale dizer que, naquela ocasião, eu não havia ainda ocupado o cargo de Assessor de Imprensa do Banco Central do Brasil, ao contrário do que revela o Escarlate - o que só viria acontecer, ao início da década de oitenta, quando já haviam nascido meus dois filhos, indicado, como o fui, por jornalistas credenciados na instituição - , pois trabalhava, naquela fase difícil dos anos de 1970, em pleno regime militar, na Secretaria de Imprensa da Presidência da República, contratado pela Agência Nacional,..

De qualquer forma, seguindo orientação dos próprios diplomatas brasileiros, em Berna, eu obedeci ao roteiro, que havia previamente estabelecido, de acordo com o qual, no dia 21 de dezembro, deveríamos estar, ela e eu, em Veneza ,para seguirmos, naquela noite, para Roma, onde pretendíamos assistir ah Missa do Galo, na madrugada de 24, na Basílica de São Pedro. Viajei para Munique, onde fiquei um dia e, depois, ah noite, embarquei para Veneza.

Mas nada foi tão fácil, como quer dar parecer a narrativa do amigo Escarlate, principalmente para a minha ex-mulher, que não falava nenhum dos três idiomas da região - francês, alemão e italiano - e, apesar de estar com o passaporte e uma quantia razoável em dinheiro, se viu, por isso, sim, em palpos de aranha. Foi a Polícia da Itália, que, entrando na história, a ajudou a se hospedar num hotel, em Veneza, perto da estação ferroviária, onde três dias depois, nos encontramos. Mas, em Roma, além da missa celebrada por Paulo VI, assistimos ah estreia do excepcional filme de memórias de Federico Fellini, Amarcord, estando na plateia, ao que me lembro, o romancista Alberto Moravia, autor de A Romana. Tudo, portanto, acabou em festa ou em cinema. São as coisas da vida! Eis agora o relato do amigo Escarlate...

Perdas e danos - José Escarlate

08/09/2016

http://www.direitoglobal.com.br/sem-a-toga/perdas-e-danos/

 

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