Theresa Catharina de Góes Campos

     
Reflexões Homiléticas - Outubro 2016
 
De: Máikol
Data: 25 de setembro de 2016
Assunto: Reflexões Homiléticas - Outubro 2016

Autoria do texto: Pe. Hughes

Revisão ortográfica: Máikol

TRIGÉSIMO PRIMEIRO DOMINGO COMUM (30.10.16)

Lucas 19,1-10

“Hoje a salvação entrou nesta casa”

            De novo entra em cena a figura de um “publicano”, desta vez de nome conhecido - Zaqueu! Os governantes arrendavam áreas do país para publicanos ricos, que embolsavam o que conseguiam extorquir além das taxas estabelecidas. Estes chefes dos publicanos (p. ex. Zaqueu) empregavam outros para fazer a cobrança - e enfrentar a celeuma do povo - sentados nos telônios nas portas das cidades e nas encruzilhadas das rotas das caravanas (p. ex. Levi).

            Zaqueu era chefe dos cobradores de impostos da cidade de Jericó, e por isso, por causa da sua extorsão, muito rico - e com certeza muito odiado e desprezado.

            Porém, Lucas nos mostra que ninguém é tão perdido que não possa ser salvo pela misericórdia de Deus. Ninguém está além da possibilidade de salvação. Com umas rápidas pinceladas, ele traça o caminho da conversão e salvação de Zaqueu.

            Com certeza, Zaqueu tinha ouvido falar da atividade e dos ensinamentos de Jesus, e tinha uma enorme vontade de conhecer mais de perto este homem tão diferente dos outros rabinos, ou mestres religiosos, do seu tempo. Nem levava em conta perder a sua dignidade, subindo em uma árvore - o importante mesmo era não perder o momento de Jesus passar. Jesus acolhe este gesto de busca - olha mais para esta chama de bondade do que para toda a maldade praticada anteriormente por Zaqueu. Pronuncia as palavras que iriam mudar para sempre a vida de Zaqueu: “Desça depressa, Zaqueu, porque hoje preciso ficar em sua casa.” (v. 5)

            Por causa dessa iniciativa, o próprio mestre se torna alvo de críticas por parte dos “justos”: “Ele foi se hospedar na casa de um pecador” (v. 7). Como sempre, a novidade do Reino, trazida por Jesus rompe todos os esquemas sociais e religiosos pré-concebidos!

            Diante do gesto de amor da parte de Jesus, trazendo para si o opróbrio normalmente reservado para Zaqueu, o publicano responde com um gesto concreto de conversão: “A metade dos meus bens, Senhor, eu dou aos pobres; e, se roubei alguém, vou devolver quatro vezes mais” (v. 8)

            Não é uma conversão teórica, mas, muito concreta, e passa pelo econômico - devolver o dinheiro roubado, partilhar os bens! O amor de Jesus conseguiu o que o ódio e o desprezo jamais conseguiriam - a conversão de um pecador - “Hoje a salvação entrou nesta casa”. Mais uma vez Jesus ilustrou de maneira muito concreta que Ele veio “procurar e salvar o que estava perdido”.

            A história nos convida a assumir cada vez mais as atitudes tanto de Jesus como de Zaqueu - de um lado, compreensão, misericórdia e perdão diante dos erros alheios; do outro, reconhecimento da nossa própria necessidade de perdão e conversão contínua, para que se dê em nossa vida a experiência de Zaqueu, de que “Hoje a salvação entrou nesta casa!”

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TRIGÉSIMO DOMINGO COMUM (23.10.16)

Lucas 18, 9-14

“Meu Deus, tem piedade de mim, que sou pecador”

O tema da oração continua no trecho de hoje - Jesus mostra que não basta somente rezar, pois, muito depende das nossas atitudes enquanto rezamos. Por isso, Ele nos conta mais uma parábola que só Lucas relata - a do “Fariseu e do Publicano”.

            Para entender bem esta passagem, é imprescindível que nós entendamos o significado dos termos “Fariseu” e “Publicano”. Os fariseus formavam um partido religioso-político, nascido dos “fiéis observadores da Lei”, ou “Hasidim” dos tempos da revolução dos Macabeus. Eles romperam com as ambições políticas dos Hasmoneus (dinastia dos Macabeus) e formaram o seu grupo dos “separados”, que parece ser o sentido da palavra “Fariseu”. Eles primaram pela observância rigorosa da Lei, embora entre eles existissem diversas escolas de interpretação.

Em nossa linguagem, a palavra “fariseu” normalmente significa “hipócrita” - uma injustiça aos fariseus, que eram, na maioria absoluta, gente sincera de uma ascese rigorosa em busca da fidelidade à Lei de Deus. Provavelmente estamos muito influenciados pelo Capítulo 23 de Mateus, uma das páginas mais virulentas do Novo Testamento, que reflete mais a situação de perseguição dos cristãos pelos fariseus pelo ano 85, do que a situação no tempo de Jesus. A grande crítica de Jesus contra este grupo não era por motivos de moral, mas porque, confiando na observação externa da Lei como garantia de salvação, tiraram a gratuidade de Deus, que nos salva “de graça”.

Enquanto os fariseus gozavam de enorme prestígio diante do povo no tempo de Jesus, do outro lado um dos grupos mais odiados e desprezados era o dos “cobradores de impostos”, ou “publicanos” (assim chamados porque cobravam um imposto denominado “publicum”, um tipo de ICMS). Esse ódio não nasceu simplesmente da resistência natural do povo contra a cobrança de impostos e taxas, mas do fato que eles trabalhavam pelo poder opressor - os Romanos, através dos seus lacaios, os Herodianos. Os publicanos estavam entre os mais “impuros”.

            Como aconteceu no início do capítulo 15, aqui também Lucas destaca o motivo da parábola: “Para alguns que confiavam na sua própria justiça e desprezavam os outros, Jesus contou esta parábola” (v. 9).

            É interessante verificar os dois tipos de oração! O Fariseu elenca todas as suas observâncias, tudo que ele faz, conforme manda o a Lei! Ele não mente - ele faz isso mesmo. Só que ele confia absolutamente no poder da sua prática para garantir a salvação. Assim dispensa a graça de Deus, pois se a Lei é capaz de salvar, não precisamos da graça! Ainda se dá o luxo de desprezar os que não viviam como ele - ou porque não queriam, ou porque não conseguiam: “Ó Deus, eu te agradeço, porque não sou como os outros homens, que são ladrões, desonestos, adúlteros, nem como esse cobrador de impostos.” (v. 11)

            O publicano também não mente quando reza! Longe do altar, nem se atrevia a levantar os olhos para o céu, mas batia no peito em sinal de arrependimento de dizia: “Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador” (v. 13). E era a verdade - ele era vigarista, ladrão opressor do seu povo, traidor da sua raça – mas, ele tem consciência disso, e não só disso, mas do fato de que por si mesmo ele é incapaz de mudar a sua situação moral. A sua única esperança é jogar-se diante da misericórdia de Deus. Para o espanto dos seus ouvintes, Jesus afirma que o desprezado publicano voltou para a casa “justificado” ( = tornado justo) por Deus, e não o outro; pois, é Deus que nos torna justos por pura gratuidade, e não em recompensa por termos observado as minúcias de uma Lei. Por isso Jesus fala algo ainda mais chocante – que o fariseu não foi “justificado”, não porque não vivesse segundo a Lei, mas porque ele confiava nos seus merecimentos e assim nem deixava espaço para a graça de Deus.  De fato, dispensava a necessidade da ação gratuita do Pai.

            Como entrou o farisaísmo de cheio nas nossas tradições de espiritualidade! Como as nossas pregações reduziam a fé e o seguimento de Jesus a uma observância externa de uma lista de Leis! Como reduzimos Deus a um mero “banqueiro” que no fim da vida faz as contas e nos dá o que nós “merecemos”, de acordo com uma teologia de retribuição! Quem tem conta em haver com Ele, ganhará o céu, e quem estiver em dívida, irá para o inferno! Onde fica a graça de Deus, e a cruz de Cristo? Paulo mudou de vida quando descobriu que a Lei, por tão importante que fosse como “pedagogo”, não era capaz de salvar, mas que é Deus que nos salva, sem mérito algum nosso, através de Jesus Cristo! Com esta descoberta, se libertou! Defendia este seu “evangelho”, conforme Gálatas 1, a ferro e fogo!

O texto de hoje nos convida para que examinemos até que ponto deixamos o farisaísmo entrar em nossa vida; até que ponto confiamos em nós mesmos como agentes da nossa salvação; até que ponto nos damos o direito de julgar os outros, conforme os nossos critérios. Uma advertência saudável e oportuna que alerta contra uma mentalidade “elitista” e “excludente”, que pode insinuar-se na nossa espiritualidade, como fez na dos fariseus, sem que tomemos consciência disso!

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VIGÉSIMO NONO DOMINGO COMUM (16.10.16)

Lucas 18, 1-8

“Será que o Filho do Homem vai encontrar a fé sobre a terra?”

            Embora possa parecer que o tema deste trecho seja simplesmente a oração, na realidade, Lucas o liga ao trecho anterior (17, 22-37), que versava sobre a segunda vinda do Filho do Homem, através da referência em v. 8: “Mas, o Filho do Homem, quando vier, será que vai encontrar a fé sobre a terra?” Então devemos entender o sentido original do texto em referência à situação das comunidades do fim do primeiro século - Jesus tardava a retornar, as perseguições estavam no horizonte, as comunidades estavam sofrendo vários tipos de pressão, e a fé delas começava a vacilar. Por isso, Lucas quer dar-lhes um ensinamento claro - Deus não vai abandoná-las, então, devem ficar firmes, constantes na oração até que Ele venha.

            O tema da oração cristã já foi tratado no capítulo 11 de Lucas. Aqui volta à tona. O versículo 8 mostra que não se refere à simples oração permanente, mas à uma atitude de oração baseada na fé, até que Jesus volte.

            Jesus tira uma mensagem de uma situação que devia ter sido comum nos tempos idos (sem falar da atualidade!) - a impotência de uma pobre mulher diante da prepotência de um juiz corrupto. Por ser viúva em uma sociedade patriarcal e machista, ela encarna a impotência dos pobres e marginalizados diante dos poderes do mundo. Faz lembrar a denúncia do profeta Miquéias, estudado mês passado no Mês da Bíblia: “Ai daqueles que, deitados na cama, ficam planejando a injustiça e tramando o mal! É só o dia amanhecer, já o executam, porque têm o poder em suas mãos” (Mq 2, 1).

            Jesus dá uma lição clara - se até um juiz injusto atende os pedidos insistentes da viúva, quanto mais Deus vai atender os pedidos daqueles que Ele ama! Se a persistência da viúva alcança o seu objetivo, quanto mais a oração persistente do discípulo, diante de um Deus gracioso: “E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por Ele? Será que vai fazê-los esperar? Eu lhes digo que Deus fará justiça para eles, e bem depressa” (v 7).  Deus não vai atender a oração para se livrar do incômodo, como o juiz injusto, mas porque Ele é o contrário: o Pai amoroso que só quer o bem dos filhos e filhas.

            Aqui o texto nos faz lembrar um dos temas centrais de toda a Bíblia - o grito do oprimido e a resposta de Deus. É um tema constante, passando pelas páginas bíblicas desde Êxodo 3. Assim, a questão decisiva não é se Deus fará ou não justiça às comunidades oprimidas - é óbvio que vai! A pergunta a ser respondida se formula no versículo 8, que já foi citado: “O Filho do Homem, quando vier, será que vai encontrar a fé sobre a terra?” O problema não é Deus, mas os discípulos - será que os discípulos de Jesus ficarão fiéis a Ele durante a longa espera até a sua segunda vinda? Para que tenham forças para vencer, então é necessário que eles rezem constantemente e com fé. Essa mesma ideia se faz presente no fim da Oração do Senhor: “Não nos deixes cair em tentação” (Lc 11, 4). Lá também, Jesus ensinou que a comunidade deve pedir o dom da fé e da perseverança, para não desanimar diante dos problemas da vida.

            É muito atual esse ensinamento de Jesus. Em uma época de tanto desânimo, tanta falta de perspectivas, quando se chega a falar no “fim das utopias”, devemos sempre rezar para que não sucumbamos à tentação do desânimo e do desespero, de não acreditar na força do “grão da mostarda”, de desacreditar na presença do Reino. O Evangelho de hoje, aplicado a nós, existe para mostrar-nos: “a necessidade de rezar sempre, sem nunca desistir” (v. 1). Cabe a nós praticá-lo!

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VIGÉSIMO OITAVO DOMINGO COMUM (09.10.16)

Lucas 17, 11-19

“Levante-se e vá, a sua fé o salvou”

            Estamos ainda caminhando com Jesus na sua viagem a Jerusalém, ao encontro do seu destino na Cruz. Nesta parte do Evangelho (17, 11-19, 27) Jesus conclui o seu ensinamento sobre o que é necessário para segui-Lo. Aqui temos mais um exemplo de uma história própria a Lucas, o quarto milagre na sua narrativa da viagem. Como nos outros casos (11, 14; 13, 10-17; 14, 1-6), o mais importante não é o milagre em si, mas, o ensinamento que brota dele.

            As informações geográficas de Lucas, que não era natural da Palestina, são muitas vezes imprecisas. Para ele, dois fatos são importantes - a meta de Jesus é Jerusalém, onde se dará o seu encontro definitivo com a vontade do Pai, e o fato que Ele se encontra com um samaritano, um dos excluídos oficialmente do povo de Deus.

            Para entendermos o contexto da passagem e a situação de quem fosse considerado leproso (embora muitos na realidade não eram - simplesmente sofriam de alguma doença da pele!), podemos estudar trechos como Lv 13-14; Nm 5, 2-3; 2Rs 7, 3-9; 15, 5. Houve barreiras enormes que separavam essas pessoas sofridas da convivência normal da comunidade. Aqui os excluídos pelas barreiras religiosas e sociais vão se encontrar com quem rompe estas mesmas barreiras, em nome do Deus misericordioso.

            O grito dos leprosos é significante: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós” (v. 13). Mais uma vez encontramos a palavra “compaixão”. Em todos os Sinóticos, destaca-se a “compaixão” de Jesus. A atitude d’Ele nunca é de ter “pena” de alguém, pois, quer queiramos quer não, quando a gente tem pena de alguém, está se colocando num outro nível do que a outra pessoa. Ter “compaixão” é sentir a “paixão” do outro “com” ele ou ela, ou seja, entrar no sofrimento, nos sentimentos do outro, e assim não tirar dele a sua dignidade.

            Mas, foi somente o samaritano que “percebeu” a ação de Deus nele. Com certeza o termo “percebeu” não quer se referir somente à cura física - ele percebeu a presença da salvação de Deus, da qual a cura física era sinal. Então, a sua volta a Jesus significa a sua conversão. A resposta dele é de “dar glória a Deus”, muitas vezes em Lucas a resposta correta a uma manifestação da misericórdia de Deus (2, 20; 5, 25; 5, 26; 7, 16; 13, 13; 18, 43; 23, 47 etc). Aqui temos uma conotação cristológica - o curado louva a Deus pelo que foi feito por Jesus, o agente da misericórdia de Deus.

            O texto sublinha que aquele que voltou para gloriar a Deus, aquele que percebeu a presença da ação salvífica de Deus, era um samaritano: “Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?” (v. 18). Mais uma vez, o herói da história é tirado de dentro da categoria dos excluídos, tema caro ao coração de Lucas. É só pensar nos pastores, no “Bom Samaritano”, na “mulher pecadora”, nas mulheres no túmulo, e outros exemplos. A salvação de Deus é universal, e não limitada a uma etnia, categoria ou classe.

            Lucas não se contenta em relatar somente a cura de uma doença - ele nos leva a uma compreensão da missão salvífica de Jesus. O relato conclui com a frase: “Levante-se e vá. Sua fé o salvou” (v. 19). Jesus é aquele que cura e restaura à convivência humana, símbolo da salvação integral que Deus oferece a todos que aceitam a sua mensagem! Sejamos como o leproso – sejamos sensíveis e percebamos a ação de Deus no meio de nós, e gloriemos em palavras e ações aquele que nos oferece a salvação de todos os males, não por nossos méritos, mas por graça!

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VIGÉSIMO SÉTIMO DOMINGO COMUM (02.10.16)

Lucas 17, 5-10

“Aumenta a nossa fé!”

            Lucas reúne nos primeiros dez versículos deste capítulo diversos dizeres de Jesus sobre algumas atitudes fundamentais para a vida de quem quer segui-Lo pelo caminho do discipulado. Podemos dividir o trecho de hoje em duas partes: vv. 5-7 e vv. 8-10.

            A primeira parte trata da questão da fé inabalável, que deve ser característica do discípulo. Inicia-se o diálogo com os apóstolos expressando diante de Jesus a sua insegurança quanto à sua fé: “Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” (v. 5). Tal pedido tem outros ecos nos evangelhos. Faz-nos lembrar do pai do moço epiléptico em Marcos: “Eu tenho fé, mas ajude a minha falta de fé!” (Mc 9, 24). É a experiência de todo(a) discípulo(a) - acreditamos em Jesus, queremos seguir a sua pessoa e o seu projeto, mas a vida se encarrega de nos demonstrar como é fraca a nossa fé - quantas caídas, traições, incoerências, recaídas! O único recurso é pedir este dom gratuito de Deus, que ninguém pode exigir por seus próprios méritos, que é a fé inabalável. Do fundo no nosso ser, gritamos com os Doze: “Aumenta a nossa fé!”

Com a hipérbole (exagero) típica do oriental, Jesus enfatiza tanto a necessidade da fé quanto a sua força, através das imagens do grão de mostarda (semente bem pequena), e do sicômoro - árvore mais ou menos grande que tem um sistema extensivo de raízes: “Se vocês tivessem fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderiam dizer a este sicômoro: “Arranque-se daí, e plante-se no mar. E ela obedeceria a vocês.” (v. 6)

            A segunda parte do trecho fala sobre a atitude correta de quem tem um ofício ou ministério dentro da comunidade cristã. Em outros trechos - como 12, 35-37 - Lucas enfatiza a gratuidade de Deus diante da escolha dos seus discípulos. Aqui temos o outro lado - a responsabilidade de quem foi chamado sem mérito algum da sua parte. Ser chamado para qualquer ministério, ordenado ou não, é para que sigamos o exemplo do Mestre, que não veio para ser servido, mas, para servir, e não para vangloriarmo-nos como se fôssemos mais do que os outros membros da comunidade.

            O ensinamento não é que os discípulos não valem nada, nem que o seu trabalho não tem valor. O ponto central é que o fato de terem desenvolvido bem as suas tarefas e missão não lhes dá o direito de exigir a graça de Deus por causa dos seus méritos. Tal graça é, e sempre será, um dom gratuitamente oferecido.

            Hoje nós estamos na mesma situação dos apóstolos - fomos chamados à fé sem mérito algum da nossa parte. Agradecendo a Deus por este dom, assumamos a nossa parte - a de cumprir bem a missão recebida, sem nos gabarmos disso, pois se nós conseguimos fazer bem as coisas, também é porque podíamos contar com a graça de Deus (2Cor 12, 1-10). Sem falsa humildade, mas também sem vaidade, devemos rezar: “Somos empregados inúteis; fizemos o que devíamos fazer” (v. 19)

 

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