Theresa Catharina de Góes Campos

     
Lanternas Flutuantes - comentário de Reynaldo Domingos Ferreira

Date: dom., 3 de out. de 2021
Subject: Lanternas Flutuantes, novo livro do jornalista e escritor, Aylê-Salassié Quintão

LANTERNAS FLUTUANTES


A começar do título, "Lanternas Flutuantes ", que, de pronto, nos remete ao " Espumas Flutuantes ", de Castro Alves, mas, na verdade, refere-se a uma festa, " Lanternas Flutuantes ", que se realiza, anualmente, em Bangkoc, na Tailândia, o novo livro do jornalista e escritor, Aylê-Salassié Quintão, tem sua linha narrativa - na maior parte, feita em versos - fincada em citações de grandes prosadores, poetas, filósofos, historiadores, e sociólogos.

Assim, o autor se baseia, nas " memórias involuntárias", de Marcel Proust - aquelas surgidas, de repente, ao léu da sorte, quando experimentamos o gosto de uma iguaria qualquer, a qual nos faz lembrar fatos do passado, perdido ou recuperado - para ele contar a história de um aluno, que se presume seja ele próprio, o qual reencontra, de forma inesperada, seu
antigo professor de Física, o mineiro Jabes Werner, justo, nas escadarias do Palácio Real "Pra Baram", em Bangkoc. Ao que se imagina, foi uma alegria só!... Um reencontro, de fato, memorável.

Pois não é que um reencontro, mais ou menos, semelhante me aconteceu, também numa outra escadaria, a do Museu do Escorial - onde, entre outras maravilhas, existe uma sala, que tem a acústica mais perfeita do mundo -, na Espanha, a qual deve ter, dois lances, de doze ou de quinze degraus, cada um, quando, eu, ao chegar ao topo, ouvi o meu nome
ser gritado, a alto e bom som, por alguém, que ainda se encontrava, no hall de entrada. O fato criou estranheza, como não poderia deixar de ser, entre os visitantes, que me acompanhavam, alguns meus conhecidos, os quais me indagavam:

- Você é conhecido por aqui?...
Ao que, pronto, eu respondi: - Não!... Em outra existência, eu, nascido espanhol, era escrevente de cartório e fui muito amigo do Velasquez!... Conheci-o, no sul da Espanha, morando numa ampla casa, de muitos espaços. Eu disputava admiração por seus quadros com o Jean-Luc Godard, que, na época, era um simples marceneiro. A Espanha é terra de pintores maravilhosos, geniais. Naquela época, o Salvador Dali nem havia nascido. E Picasso também. Conheci também o El Greco, um senhor macambúzio, taciturno, que mascava fumo, a todo o tempo. Mas agora não conheço mais ninguém aqui. A não ser uma família, os De La Hoz, que moram na Costa Basca, longe do Museu do Escorial.

Atônito, eu me virei, vendo então alguém, vencendo, célere, todos os degraus, vindo em minha direção, para me abraçar!...
Era o pintor, funcionário do Banco Central, Tarcísio Viriato - que eu não via, desde algum tempo, quando ele inaugurou uma exposição de seus quadros, no Museu de Arte de Brasília -, o qual, quase sem fôlego, pelo esforço despendido para subir às alturas, onde me encontrava, que me explicou, estar passando, com a família, uma temporada, na Inglaterra, mas decidira, naquela oportunidade, ir à Espanha, para visitar os seus magníficos museus. Foi também um reencontro inesperado, como o
do autor de "Lanternas Mágicas", mas muito emocionante, para mim, e para o Tarcísio, que, com a ajuda, ou sem ela, de Marcel Proust, eu jamais esquecerei. Jamais.

Mas, desculpe-me a digressão, pois lendo, uma ideia sempre puxa outra, voltemos agora ao " Lanternas Flutuantes ", para citarmos quatro comentários sobre a definitiva obra do Aylê-Salassié Quintão.

O primeiro é o do apresentador do livro, o poeta, ensaísta, cronista, Prêmio Jabuti de Literatura, Anderson Braga Horta: " Um livro sui generis... Alternativa de mundo, diferente do que se propõem as ideologias. O conjunto deve compor um poema na memória do leitor". O segundo é da professora de Literatura, Vera Lúcia Oliveira: " Epopeia arquetìpica feminina. Dá vida nova aos mitos do nosso imaginário, orienta pensamentos que nos fazem viver e sonhar. Encanta pela força narrativa e poder imagístico ".
O terceiro é da psicóloga, Vanessa Zanetti: " Fiquei curiosa sobre as personagens. Percebe-se como aqueles relacionamentos sinalizaram, como lanternas, caminhos, realidades e possibilidades enriquecedoras de " ser-estar " no mundo".
O quarto é do jornalista, escritor, Danilo Gomes: " Eu conheço o Aylê-Salassié há décadas: como jornalista, e cientista político, pensador da realidade brasileira. Só agora conheço o poeta de dimensão internacional"

" O Fundo Sofia"

Na condição de neta do autor, a adolescente Sofia Rocha Tresinari, que, acompanhando o pai, Daniel T. Bernardes, bolsista, no Canadá, foi aceita para fazer Desenho, no Camosun College, em Victoria, ela criou um fundo, com base nas livres contribuições coletivas, de valor mínimo de R $50,00 (incluída a remessa postal), feitas, pela aquisição do livro "Lanternas Flutuantes ", do avô, para financiar seus estudos, pagos, na referida instituição. As contribuições podem ser feitas, na conta do pai dela, no BB 001, Agência 1003-0, conta corrente 688.048-7. Grato pela leitura. Bom domingo, a todos!...
Reynaldo Domingos Ferreira, jornalista, escritor.
 

Jornalismo com ética e solidariedade.