Theresa Catharina de Góes Campos

  Assessor de imprensa é jornalista, sim!

Theresa Catharina de Góes Campos


Lamentável comprovar que o jornalista, apesar da antigüidade de seu histórico na sociedade, continua sendo desrespeitado de muitas maneiras, como pessoa e como profissional, inclusive ao exercer uma assessoria que, como o próprio nome indica, constitui uma de suas inúmeras funções especializadas, no mundo contemporâneo.


Todos entendem perfeitamente qual a formação profissional de quem ocupa o cargo de Assessor Jurídico, ou de Relações Públicas, no entanto, contraditoriamente, alguns se esforçam para negar aos jornalistas o direito de trabalharem como assessores de imprensa.


Trata-se, sem dúvida, de uma restrição inaceitável, convencer outros profissionais de que o trabalho de assessoria de imprensa não envolve a busca, a produção, nem o relato de informações.


Os argumentos de que a Europa e países como os EUA, França e Portugal teriam esse posicionamento, contrário ao jornalista como assessor de imprensa, não indicam uma afirmação de verdade, a ser imitada por outras nações. Afinal, esses países têm, no seu passado e na atualidade, algumas políticas indefensáveis... Combatidas em público, insistentemente, por seus cidadãos, como indivíduos que procuram os meios de comunicação e representados por grupos e lideranças de peso. A Europa, como um todo, está na mesma situação de cometer deslizes no campo dos direitos humanos.


E ainda quando se argumenta com decisões equivocadas da nossa justiça do trabalho, fácil será entendermos que, afinal, nem tudo que se apresenta como situação de legalidade, significa de fato uma resolução que manifeste justiça, nem moralidade, nem ética. Há interpretações legais que envolvem interesses não justificados e do momento. Sobretudo, razões financeiras, defendidas pelos empregadores que não gostam de pagar pelos direitos dos jornalistas, como, por exemplo, a jornada reduzida de trabalho. Sem esquecermos a influência do mercado. Assim como a ganância de outros profissionais, não-jornalistas, que desejam para si os empregos ocupados pelos jornalistas como assessores de imprensa.


O jornalista, no exercício de suas funções como assessor de imprensa, realiza atividades que não foram reconhecidas na equivocada decisão de nossa justiça do trabalho, talvez por esta não compreender as características e a abrangência da rotina do profissional que, aliás, tratou com linguagem extremamente desrespeitosa, que insulta e menospreza, com palavras humilhantes, no mínimo descorteses,  que não deveriam ser usadas com relação a nenhum trabalhador , de modo especial no âmbito do TST:
"Atua como simples divulgador de notícias e mero repassador de informações aos jornalistas, servindo apenas de intermediário entre o seu empregador e a imprensa."(Processo Nº TST - RR - 261412/96 .5)


Espero que tanto a Fenaj - Federação Nacional dos Jornalistas - como todos os Sindicatos dos Jornalistas Profissionais, por meio de suas respectivas Assessorias Jurídicas, tomem as devidas providências sobre este assunto.
Merece, aliás, uma Campanha nacional específica e permanente.


Considero bastante perigosa a sugestão autoritarista, ditatorial, anti-democrática, de que, para atuar como assessor de imprensa, o jornalista deveria perder o seu registro profissional e ser impedido de atuar em órgão de imprensa! Enfim, o jornalista precisaria deixar de ser o que ele é, abdicar de sua autêntica vocação profissional. Cenário de horror, assustador...para quem conhece o valor de nosso registro de jornalista e o que significa atuar em órgão de imprensa.


Para valorizar a sua profissão, nenhum profissional deve desmerecer outras profissões.


Desmerecer jornalistas é atitude de quem ainda não entendeu, em toda a sua extensão e profundidade, a importância fundamental da imprensa para a sociedade. Em qualquer época e lugar. Inclusive numa Assessoria de Imprensa exercida por jornalistas com ética e profissionalismo.
 
 

Jornalismo com ética e solidariedade.