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USO DO SIMULADOR DO PACIENTE HUMANO EM UTI
UM NOVO PARADIGMA NA RELAÇÃO ALUNO- APRENDIZAGEM
Human Patient Simulator in UTI - A New
Padigman in Student - Learning Relation
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* Rachel Maria da Silva Bezerra
** Carlos Alberto Caetano Azeredo
*** Fabio Cavalcanti |
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*Mestranda em Ciências da Motricidade Humana(UCB),
**Especialista em Fisioterapia Respiratória (Sobrafir),
Título de Notório Saber (Coffito),Chefe do Centro de
Práticas Avançadas em Fisioterapia
***Especialista em Ventilação Mecânica, Chefe do
Laboratório de Simulação do CEPAF. |
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Palavras chave:
Fisioterapia respiratória, UTI, erros, ensino.
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Resumo
A intenção deste estudo foi de documentar a experiência inicial
com o simulador do paciente humano, usando um manequim
computadorizado, para avaliação da performance prática e
cognitiva de fisioterapeutas. Este foi um estudo observacional
com 8 fisioterapeutas graduandos e graduados durante a simulação
em uma unidade de terapia intensiva. Nenhum dos sujeitos
completou com sucesso o cenário de simulação. Existiu uma
relutância por parte dos mesmos em solicitar ajuda antes que o
cenário se tornasse critico. Na simulação subseqüente a
performance foi melhorada em áreas antes negligenciadas. A
aceitação dos sujeitos aos cenários de simulação foi considerada
uma útil ferramenta para o aprendizado das condutas
fisioterápicas em UTI. O simulador do paciente humano é uma
ferramenta valiosa para a educação em cuidados críticos pois,
aponta os déficits de performance individual com relação ao
conhecimento teórico específico. |
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Abstract
This study documented the inicial experience with a computed
human patient simulator. It was evaluated the cognitive and
pratical performance during two simulations. None of the
subjects sucefully complete the first scenario. The human
patient simulator is a valuable tool for education in critical
care because it point the individual performance deficits in
relation to specific theory knowledge.
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Introdução
Na
indústria da aviação, o treinamento é caro e o erro do operador
deve ser evitado a todo custo. Desta maneira os simuladores em
aviação são atualmente regularmente utilizados para auxiliar os
pilotos a manterem suas habilidades, ou tornarem-se
familiarizados com situações problemáticas que podem ser
encontradas [3, 4].
No campo da medicina, a tecnologia desenvolvida em simulação
cresce cada vez mais para que estudantes e profissionais
aprendam procedimentos invasivos. Sendo uma tendência mundial, o
uso de simuladores de pacientes no meio médico para que sejam
evitados erros potenciais durante procedimentos invasivos,
desconfortos do paciente, e maior risco inerente ao procedimento
realizado [2].
A Fisioterapia Pneumofuncional vem reconhecidamente aumentado a
magnitude de suas atuações em especial à nível das unidades de
terapia intensiva, onde os pacientes atendidos pelo profissional
fisioterapeuta estão clinicamente instáveis e necessitam de
tomadas de decisão e atuações com embasamento sólido e não
hesitante.
O sistema de simulador do paciente humano (SPH) foi desenvolvido
pelo Centro de Práticas Avançadas em Fisioterapia, incorporando
a tecnologia em simulação para a prática fisioterapêutica
pneumofuncional em unidade de terapia intensiva. O sistema é
composto de um manequim e uma central de controle. O manequim é
um boneco em tamanho adulto real onde o sistema pulmonar e
cardiovascular respondem automaticamente as intervenções dos
praticantes e ao meio. A central de controle contém os
componentes de regulação da simulação partindo deste local, o
sequencimento dos eventos que irão ser desenvolvidos nas
simulações com os praticantes.
Baseado neste novo contexto de aprendizado
prático-teórico,segue-se a proposta de determinar o quanto o uso
de um simulador de um paciente pode influenciar o aprendizado de
habilidades técnicas básicas e avançadas necessárias ao manejo
do paciente crítico durante o atendimento fisioterapêutico
pneumofuncional.
Materiais e métodos
Amostra
A amostra
do estudo consistiu de 8 sujeitos, sendo 7 do sexo feminino e 1
do sexo masculino, entre 20 e 25 anos. Os sujeitos, eram
profissionais graduados ( 5 sujeitos) e graduandos (3 sujeitos)
em fisioterapia. Os indivíduos não tinham conhecimento prévio
dos cenários de simulação aos quais, seriam submetidos.
Procedimento de observação
Antes de
serem submetidos as simulações com o paciente humano os
indivíduos receberam durante 5 dias informações teóricas sobre a
atuação do fisioterapeuta junto ao paciente crítico (
interpretação e monitorização dos sinais vitais, ventilação
mecânica em situações clínicas específicas e utilização do
ventilador mecânico como coadjuvante no atendimento
fisioterapêutico).
Após os 5 dias os alunos foram submetidos a 3 dias de simulação.
Após orientação, cada dupla participou de um cenário clínico
padronizado, pré-selecionado em um cenário que simulava uma
unidade de terapia intensiva. Imediatamente antes de entrarem na
sala receberam um resumo das condições clínicas do paciente e a
razão pela qual foi solicitado o atendimento fisioterapêutico
pneumofuncional.
Informações em tempo real das modificações hemodinâmicas e
pulmonares durante a simulação como por exemplo: pressão
arterial (sistólica, diastólica e média), pulso, frequência
cardíaca, sinais eletrocardiográficos, frequência respiratória e
saturação de oxigênio foram repassadas aos participantes através
de um programa de resuscitação comercialmente disponível
(Megacode- Trainer, Laerdal, Germany) e por um monitor de
mecânica pulmonar (Ventrak- Novametrix).
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Foto 1- dupla em uma manobra fisioterapêutica. |
No momento da simulação os praticantes deveriam colocar em
prática os conhecimentos teóricos adquiridos como: avaliar a
necessidade de ser instituída a nebulização, oxigenioterapia,
ventilação-não invasiva e invasiva (foto 1). Além de realizar
cuidados com as vias aérea superiores, solicitar e interpretar
medidas da mecânica respiratória e sinais vitais. O praticante
deveria portanto, obedecer a uma sequência de eventos onde o
manequim evoluia desde uma situação basal até a necessidade de
se instituir suporte ventilatório sendo todos estes eventos
acompanhados por alterações nos sinais vitais, curvas de
mecânica ventilatória e gasometria.
Cada dupla foi avaliada em 8 tarefas pré-selecionadas dependendo
do cenário, por um observador através de uma escala que variava
em três pontos. Sendo 0 (falha em realizar o procedimento), 1
(realizou pobremente ou fora de seqüência) e 2 (realizou
corretamente a seqüência de eventos) (Tabela 1). O mesmo
observador foi utilizado em todas as sessões para eliminar a
variação neste exercício não cego.
A avaliação de todos os procedimentos tomados pelos sujeitos foi
feita através de câmeras de vídeo conectadas a um monitor. O
sistema de vídeo foi também utilizado para posterior discussão
entre os outros alunos dos erros e acertos realizados pelas
duplas durante as simulações.
Resultados
Nenhum
participante completou com sucesso os dois cenários propostos. A
média de pontos foi de 10, com scores que variaram de 6 a 12
pontos ( Tabela1). As ações que eram consistentemente realizadas
incluíram iniciar a nebulização prescrita no momento apropriado,
acoplar a e retirar ventilação não invasiva. A ausculta pulmonar
foi realizada por todos os participantes porém, não
rotineiramente, contribuindo para algumas falhas de conduta com
relação ao status clínico do paciente. Outros déficits foram a
dificuldade em identificar a necessidade de iniciar a ventilação
não invasiva e posteriormente retirá-la devido a deterioração
cardiopulmonar repentina. Além disso, existiram falhas durante o
acoplamento do paciente à prótese ventilatória. Nenhum dos
participantes solicitou ajuda até que o cenário de simulação
fosse crítico.
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|
PERFORMANCE NOS COMPONENTES DO CENÁRIO
|
PARTICIPANTE |
A |
B |
C |
D |
E |
F |
G |
H |
ECT |
1 |
1 |
2 |
1 |
1 |
1 |
2 |
2 |
A.P |
2 |
2 |
2 |
2 |
2 |
1 |
2 |
1 |
INC.
NBZ |
0 |
2 |
2 |
2 |
2 |
2 |
2 |
1 |
ACOPLAR VNI |
1 |
0 |
2 |
2 |
1 |
1 |
2 |
2 |
RETIRAR VNI |
1 |
0 |
2 |
1 |
1 |
2 |
0 |
1 |
SOL.
AJUDA |
0 |
0 |
0 |
1 |
1 |
0 |
0 |
0 |
PAR.VENT |
0 |
2 |
1 |
1 |
0 |
0 |
1 |
2 |
CUI.V.A.A |
1 |
2 |
2 |
2 |
1 |
1 |
2 |
1 |
TOTAL |
6 |
9 |
13 |
12 |
9 |
8 |
12 |
11 |
|
ECT- ectoscopia, A.P- ausculta pulmonar, INC.NBZ-iniciar
nebulização, SOL. AJUDA- solicitar ajuda,
PAR.VENT-parâmetro ventilador, CUI V.A.A-cuidados com as
vias aéreas artificiais. |
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A performance
no segundo cenário (ventilação mecânica) melhorou
consideravelmente em todos os participantes. A média de pontos
do segundo cenário aumentou de 10 para 20. A avaliação dos
participantes com relação a simulação foi bastante positiva.
Todos responderam ao questionário dizendo que a experiência da
simulação foi "uma boa modalidade de treinamento". Outros
exemplos da avaliação final escrita incluíram respostas como
"aumentar o número de cenários simulação e o tempo gasto com a
simulação foi melhor empregado do que em estágios
convencionais.Comentários negativos foram relacionados ao
ventilador mecânico o qual não era microprocessado além da
dificuldade em realizar o exame físico em algumas partes do
manequim.
Discussão
Um
simulador é definido como um aparelho de treinamento que duplica
artificialmente as condições encontradas em algumas situações
específicas [1]. O valor dos simuladores como uma ferramenta
educacional avançada é derivada do trabalho pioneiro de John
Dewey que em 1938 assinalou quatro conceitos para o aprendizado:
experiência, democracia, continuidade e interação. Em 1956, Blom
definiu os objetivos educacionais o qual foi dividido em em três
domínios: cognitivo, atitude e psicomotor [5]. O domínio da
atitude esta relacionado em como o estudante torna-se um adulto
capaz de aprender , o domínio psicomotor envolve habilidades
visuoespaciais e o domínio cognitivo concenttra-se em como o
estudante aprende e incorpora fatos.
Gagne, 1962 revisou o uso de simuladores no treinamento militar,
não apenas para pilotos mais também para controladores de
tráfego aéreo, e outros técnicos. Foi percebido que não
necessariamente o aparelho fosse simulado mas sim procedimentos,
comunicação de informações e diagnósticos de problemas [3].
Simuladores de vários tipos tem sido usados por vários programas
de treinamento na educação de cirurgiões e médicos que lidam com
cuidados críticos [6]. Sendo os simuladores considerados um
recurso capaz de respaldar os instrutores na constante análise
dos médicos aprendizes [1].
Conclusão:
A
aprendizagem com o simulador do paciente humano pode ser
comparada a atividade prática real, uma vez que são reproduzidas
as condições exatas que o profissional encontrará com o
paciente. A grande vantagem desta metodologia seria a
possiblidade de reiniciar a simulação quantas vezes forem
necessárias até o profissional se sinta seguro e confortável na
abordagem com o paciente. Situação impossível de ser recriada na
prática real, onde a decisão correta deve ser tomada com o
máximo critério e rapidez.
O simulador do paciente humano portanto, é uma valiosa
ferramenta para a educação de procedimentos fisioterapêuticos
desempenhados dentro de uma UTI, sendo capaz de identificar
pontos falhos tanto na performance individual quanto com relação
ao conteúdo programático repassado.
Referências
1.
Hammond, J, Bermann, M, Chen, B, Kushins, L. Incorporation of a
computerized human simulator in critical care training: a
preliminary report. J Trauma 2002; 53:1064- 1067.
2.Colt, H,
Crowford, S, Galbraith, O. Virtual reality broncoscopy
simulation- A revolution in procedural training, Chest, 2001,
120: 1333-1339.
3.Issenberg, B, Macgeghie, C, Hart, I. Simulation technology for
health care professional skills training and assement. Jama,
282: 861-867.
4. Rolfe,
J, Staples, K. Flight simulation. Cambrige, UK: Cambrige
University Press, 1986: 232-249.
5.Trunkey,
D, Botney, R. (2001). Assesing competence: a tale of two
professions, J Am Coll Surg, 192: 385-395.
6. Nakman,
G. B, Bermann, m, Hammond, J. Effective use of human in surgical
education, J Surg Res115 (2): 214:218.
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