Semana do Meio Ambiente - Paulo Nogueira Neto: equilíbrio demográfico é o problema ambiental mais grave

São Paulo, 3 de junho de 2005 - Sustentável. Essa palavra que hoje está na crista da onda, teve seu uso incrementado na década de 80 quando se cunhou a expressão "desenvolvimento sustentável". A iniciativa partiu de uma comissão de 23 especialistas, reunidos pela ONU para tentar compatibilizar o progresso econômico com a preservação do meio ambiente. Desse grupo fez parte um dos ecologistas mais respeitados do mundo, o brasileiro Paulo Nogueira Neto, que hoje diz: "Agora sustentável é uma palavra amplamente divulgada e corresponde a uma necessidade real de que tudo seja feito de uma maneira que não seja predatória". Nesse contexto, para ele o problema ambiental mais urgente é a questão do equilíbrio demográfico.

Aos 83 anos de idade, o "Dr. Paulo", como é carinhosamente chamado o professor aposentado da USP, acaba de voltar à academia, como consultor especial para assuntos do meio ambiente da Universidade São Marcos. Formado em Direito e História Natural pela USP, ele foi Secretário Especial do Meio Ambiente, trabalhou na Unesco e hoje tem assentos no SOS Mata Atlântica, na Cetesb e no Conselho Nacional do Meio Ambiente.

No ano passado, ele ganhou o Prêmio Bunge de Genética e Desenvolvimento Sustentável, por sua dedicação à criação de Unidades de Conservação e reservas de Desenvolvimento Sustentável. A Universidade São Marcos vem ampliando sua preocupação com a questão ambiental. Além de programas educativos internos e de cursos voltados à área do meio ambiente, foi criada recentemente a Agência Ambiental, que terá um papel importante como pólo de atividades na área, além de atender uma interface de troca e divulgação com outros órgãos ambientais da sociedade. "Dr. Paulo" conduz a Agência.

De acordo com ele, o mundo dos anos 80 crescia a uma proporção de 2% ao ano, o que significa que a população dobraria em 36 anos. Hoje o planeta conta com seis bilhões de pessoas, mas cresce num índice menor que os dois pontos percentuais. "Se hoje, com seis bilhões de habitantes na Terra, já temos um problema grave de fome no mundo, que é resultado da má distribuição de renda, de alimentos, de uma série de fatores, imagine se esta porção dobrasse", indaga Nogueira Neto. Para o ecologista, devemos pensar no desenvolvimento levando em conta conceitos como reciclagem e consciência ambiental. "Não podemos esgotar todas as reservas do planeta para que as gerações futuras tenham mais chance".

A primeira coisa a ser feita para melhorar esta situação é erradicar a miséria. "A miséria é profundamente antiética, que ofende o princípio cristão, ou de outras religiões, de amor ao próximo", diz. Na maioria das vezes, a violência ou problemas ambientais, como o desmatamento, são provocados por falta de alternativa das pessoas em situação de pobreza. De acordo com ele, seria preciso cerca de 250 bilhões de dólares por ano, durante 10 a 20 anos, para acabar com a fome no mundo. "No tempo da Guerra Fria, o mundo gastava em armamentos um trilhão de dólares. Hoje, este gasto diminuiu para US$ 600 milhões", exclama o professor. Se gasta muito mais com armas do que com a erradicação da fome. "Viável é, dinheiro tem. É uma opção política das nações", enfatiza ele.

Paulo Nogueira Netto realiza palestra sobre "Aspectos diplomáticos relacionados com o meio ambiente", dentro do projeto Seis e Meia, promovido pelo curso de Diplomacia e Relações Internacionais da Universidade São Marcos, que acontece todas as segundas, às 18h30, em sua sede nos Jardins. Inscrições: pelo telefone (11) 3884-1981 - das 14h às 21h, de segunda à sexta-feira, com Daiana (Coordenação de Diplomacia e Relações Internacionais)

Pobres no Brasil - O problema da fome atinge todos os países mais pobres do mundo, principalmente a África Subsaariana. No caso do Brasil, pesquisa do Ipea divulgada na semana passada apontou a existência de 53,9 milhões de brasileiros pobres. De acordo com Nogueira Neto, a situação no País só não é pior por dois motivos. "Há dois focos grandes de miséria no Brasil: o Nordeste e a Amazônia. Na Amazônia, a situação é contornada pelo fato do local ter muito peixe, que é rico em proteína. A população se alimenta relativamente bem. No caso do Nordeste, porque as pessoas migram, elas saem de lá", disse o professor, acrescentando que esta migração forma bolsões de miséria nas periferias das grandes cidades. "Nós temos que desenvolver as duas regiões, sem agredir a natureza", diz ele. O professor alerta que para erradicar a miséria é preciso fazer a redistribuição de riqueza. Há vários programas no Brasil que trabalham com esta questão, como o "Fome Zero", do Governo Federal. Nogueira Neto acredita que um dos principais programas seja o de aposentadorias para quem não contribuiu com o sistema público de previdência. "Hoje, em muitas cidades do interior, o que movimenta o pequeno comércio é o dinheiro de aposentadorias", diz ele.

Ações da Agência Ambiental - De acordo com a professora de Educação Ambiental da São Marcos, Alessandra Stona, as ações da Agência Ambiental permitirão, a médio prazo, transformar a Universidade em referência na área ambiental. Uma das atividades previstas é a participação no Programa de Agentes Ambientais Voluntários, do Ministério do Meio Ambiente, cuja instrução normativa é baseada em resolução do Conama de 1988, de autoria do professor Paulo Nogueira Neto. A finalidade do programa é auxiliar o Ibama em atividades de educação ambiental, proteção, preservação e conservação dos recursos naturais em Unidades de Conservação Federal e Áreas Protegidas. Os estagiários participarão como voluntários em mutirões ambientais, diagnosticando situações de risco. "Estamos começando a recrutar alunos de várias áreas para montar os mutirões", explica a professora Alessandra.

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Programas e ações ambientais da São Marcos

São Marcos Ecologia - tem o objetivo de disseminar conhecimentos práticos e teóricos em gestão ambiental e responsabilidade social para funcionários e alunos. Diversas ações educativas são desenvolvidas com a conseqüente mudança de hábitos e valores em relação aos resíduos produzidos na Universidade e ao consumo de recursos naturais como água e energia. O resultado da coleta seletiva é doado ao Instituto Recicle Milhões de Vidas, ONG que apóia entidades carentes.

Projeto Krukutu - um dos objetivos é o reflorestamento sustentável da região da aldeia indígena Krukutu (Represa Billings - Grande São Paulo) com a cultura do palmito Juçara. A equipe da São Marcos aperfeiçoou as técnicas já desenvolvidas, criando condições de valorização cultural e sustentabilidade econômica ao projeto, introduzindo uma gestão administrativa em consonância com a transmissão da cultura Guarani.

SOS Mata Atlântica - parceria com a ONG promove ações dentro do Projeto Pró-Tietê, que reúne grupos de monitoramento, espalhados pela bacia da região metropolitana de São Paulo, para mapear vetores de degradação do rio e afluentes com kits de análise da qualidade da água. O grupo da São Marcos controla a qualidade do rio Tamanduateí, na região do Ipiranga. A partir do segundo semestre, novos mutirões serão propostos.

Centro de Pesquisas do Sítio São Benedito - área de conservação ambiental situada na região de São Sebastião, litoral norte de São Paulo, o local serve para a realização de pesquisas ligadas à preservação da Mata Atlântica e projetos de desenvolvimento sustentável.

Terra Nativa - parceria com a empresa de ecoturismo permite a realização de passeios com fins de educação ambiental e perfil de cada curso de graduação.

Pangéia - parceria com a ONG ambientalista para realizar pesquisa de opinião na Praça Silvio Romero, no Tatuapé, e futuro trabalho de revitalização do local.

Mais informações: www.smarcos.br ou (11) 3471-5700.

AGENDA DA SEMANA DO MEIO AMBIENTE NA SÃO MARCOS

Entrada franca

Dia 6 de junho, segunda-feira Unidade Jardins (Rua Pamplona, 1616, esquina com Alameda Lorena) Paulo Nogueira Netto realiza palestra sobre "Aspectos diplomáticos relacionados com o meio ambiente", dentro do projeto Seis e Meia, promovido pelo curso de Diplomacia e Relações Internacionais da Universidade, que acontece todas as segundas, às 18h30, em sua sede.

Inscrições Pelo telefone (11) 3884-1981 - das 14h às 21h, de segunda à sexta-feira, com Daiana (Coordenação de Diplomacia e Relações Internacionais)

De 6 a 10 de junho, segunda a sexta-feira Oficinas de Reciclagem no Carrefour Alunos de Engenharia Ambiental realizam atividades educativas com crianças no Supermercado Carrefour de São Caetano

De 6 a 11 de junho, segunda a sábado, tempo integral = Unidade João XXIII Rua Clóvis Bueno de Azevedo, 176, Ipiranga, altura da avenida Nazaré 800)

= Exposição fotográfica "Desenvolvimento Sustentável de Novo Airão"

= Exposição fotográfica "Memória Ambiental do Ipiranga"

= Unidade Tatuapé

Rua Coelho Lisboa, 572, próximo da praça Silvio Romero Exposição fotográfica "Memória Ambiental do Tatuapé"

8 de junho, 19h15 Unidade Santa Paulina Rua Padre Marchetti, 235 - Ipiranga (travessa da avenida Nazaré, altura do número 500) Exibição do filme Narradores de Javé Logo do São Marcos Ecologia http://www.prnewswire.com.br/arq/logosaomarcosecologia.gif

Poesia ecológica

Com Ciência

A utilidade da sua sobra

Será parte e início do nosso trabalho

Fonte da conquista e resultados

Servindo irmãos à comunidade

Integrando o excesso juntamos

A sobra aproveitando uma riqueza

Utilidade sem desperdício construir

Valores educando a não fazer Lixo

Ernani Bicudo de Paula, fundador e reitor da Universidade São Marcos BNED: NG FONTE: UNIVERSIDADE SÃO MARCOS CONTATOS: GISELLE STAZAUSKAS PRISCILA GIMENEZ TELS: 11 3471-5701/11 3471-5700 E-MAILS: giselle.stazauskas@smarcos.br pgimenez@smarcos.br PALAVRA-CHAVE: RJ PALAVRA-CHAVE/RAMO DE ATIVIDADE: EDUCAÇÃO PALAVRA-CHAVE/EMPRESA: UNIVERSIDADE SÃO MARCOS

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