Prefeitos Endividados 

Rui Nogueira

Há um choro geral dos novos prefeitos, todos lamentando que assumem administrações endividadas, muitas com índices de mais de cinqüenta por cento.

Até certo ponto as coisas são colocadas para a população como salutar preocupação e “Responsabilidade Fiscal” ; não destacam que, hoje, as administrações governamentais e ao que parece até as empresas particulares, com a nova lei de falências, têm que pagar, em primeiro lugar, o Sistema financeiro.

A psicose está inoculada em todos nós, a do “Superávit  primário”. Tem que reunir o dinheiro para os juros da dívida. Enquanto não há os valores suficientes o caixa do governo não paga nada, nem pessoal.

Afinal, como está se formando esta colossal dívida, que avassala o Brasil, sob o olhar indiferente e mortiço dos dirigentes?

Dos municípios ricos aos do agreste nordestino, todos estão sendo induzidos ao endividamento.

As prefeituras nem assumiram o poder e já vão ao exterior mendigar empréstimos com órgãos internacionais numa conduta errada facilitada pelo fechamento dos bancos do estado.

Então aparecem as obras: colocação de meio fio, conserto de calçadas, asfaltamento, construção de galerias de águas pluviais, todo tipo de obra financiada pelo BIRD, pelo Banco Mundial.

Na sua execução, o operário, o engenheiro, os serviços, tudo é pago com real, a Moeda Brasileira. Se existe moeda para os pagamentos, o Empréstimo em dólar é absolutamente desnecessário.

O que acontece. Há o valor do empréstimo. Ele é sacado e de imediato transferido para pagar juros da dívida, e, em contrapartida, soma nas contas do Banco Central, ao aumento da dívida, recebendo todos os acréscimos possíveis.

Há um programa Proágua/semi-árido que diz ter o objetivo geral de garantir a ampliação de oferta de água de boa qualidade para o semi-árido brasileiro.Fala em prover com água até a unidade doméstica. Investimento da ordem de US$ 330 Milhões, financiado pelo Banco Mundial (ou seja, mais dívida externa ).

Viajando pelo agreste nordestino vemos placas anunciando os financiamentos pelo Banco Mundial. Construção de latrinas, instalações de serviços de água, calçamento com paralelepípedos em locais resumidos a duas, três ruas. Estes municípios pobres, com pouca arrecadação, vão ter que utilizar o Fundo de Participação dos Municípios, para pagar dívida,feita desnecessariamente, decorrente do financiamento.

O BNDES e os Bancos do Estado têm que existir para financiar as obras e os investimentos que atendam a população Brasileira. Não podem é ajudar empresas estrangeiras a comprar as brasileiras.

Que vírus entrou na cabeça dos governantes?

Esta indignidade vai permanecer no Século XXI?

Rui Nogueira
Médico e escritor
ruinogueira@nacaodosol.org

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