Theresa Catharina de Góes Campos

 

Revisão de conceitos
Agnes Altmann

   13 de outubro; Dia do escritor. Aqui escrevo como escrevente. O dia amanheceu ensolarado, depois transmudou para céu nublado. Adentramos já no mês da primavera.... Se o mundo ainda não enlouqueceu, está perto... como se já não bastasse o só lero-pq-quero de jornal, rádio ou televisão onde se vê torrentes de chuvas, lutas, muitos corpos mutilados e uma violência epidêmica sem precedentes... A paz mesmo parece coisa de pobre, de tão relegada. As pessoas não querem se entender. Então, por que ficar perturbado, se já é normal, com tanta disputa por qualquer motivo para se sacar armas?...Até de se ter que, no Dia do aviador, recorrer a urnas para dizer sim ou não à corrida civil dos armamentos. Deve ser porque, talvez, como não se tem pedras suficientes para atirar na mangueira, pretendam uns fazer mais negócio com armas, para dormir bem mais `tranqüilo´, com mais cidadãos atravessando a marginal à frente do policial.
   
    A que ponto a violência virou problema comercial! De tanta política para disparar o dólar, confunde-se a ingerência da violência global para justificar, só pode! -, disparo contra quem ainda não foi condenado também como bandido. Será pela revolução da natureza sem gerência, por sua vez indignada, desandando dos eixos com secas, vulcões, maremotos, terremotos, vendavais a mais de 100 quilômetros horários arremessando o que encontra?... Ai da gente no cerrado ardente qualquer dia desses, sem prisão mais em flagrante, de vítima pode-se virar culpado ou ir parar no hospital; que Deus nos livre!
   
    - Então, quem sabe, até por isso, há dia que já amanhece sem vontade de fazer mais nenhuma primavera. A natureza já não tem hora para uma revisão de conceitos, de tão sobressaltada com a apatia e, menos razão para congraçamentos se vê. Divisionismo preconcebido? Parece que sim, e tanto mais acirrado que em outros tempos, com cada vez mais gente que pouco se entende; também as nações se separam; rompem-se laços afetivos, até por questão de bola. Para conflitos, pretextos nunca faltam, tão implacáveis quanto as catástrofes naturais, coisa de instantes; o mundo está enlouquecido?
   
    Isso tudo reflete no cosmos, de tão poluído com tantos signos de discórdias, desavenças, desafetos, amor minguante, muitas mortes, feridos pisoteados por turbas insanas, crianças perdidas, pais separatistas, doentes desamparados. É a falta de sucesso?... É de ver-se que para muitos, sem sucesso e menos ainda sem os eletrônicos, a vida não existe. Nessa ânsia de ganho a qualquer custo e, tanto maior quanto mais cedo, enlouquece muitos.
   
    Vãs até as músicas de amor recíproco, assistência na dor, solidariedade, enfim, os valores do convívio comum entre as pessoas que se substitui pelo `mau olhado´, discórdia, indiferença e desdém. Nem mesmo o primeiro mandamento humanizou totalmente os conceitos. Não pode mesmo a sociedade suavizar temíveis amarguras na esperança de dias menos maus, pelo menos, com mais boas maneiras para desarmar as pessoas, a sociedade e todos os povos?
    A meteorologia também pode bem servir para revisar conceitos.

Agnes Altmann
Fonte:
Data: 13/10/2005

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