Expostas no Santander Cultural, as obras Bichos, da artista plástica mineira Lygia Clark, integram o vetor Da Escultura à Instalação no núcleo histórico A (Re) Invenção do Espaço e representam um marco na arte contemporânea brasileira. As peças são compostas por chapas de metal articuladas por dobradiças.

Considerada uma das mais importantes artistas brasileiras, Lygia nasceu em Belo Horizonte no ano de 1920 e em 1947, onde iniciou seus estudos nas artes plásticas. “Lygia começou sob orientação de Burle Marx, no Rio de Janeiro e e a partir de1954 integrou o Grupo Frente, sob liderança de Ivan Serpa. De 1954 a 58 desenvolveu uma pintura de extração construtivista, restrita ao uso do branco e preto em tinta industrial. Em 1959, passou a integrar o Movimento Neoconcreto, que definiu novos rumos para a arte brasileira”, explica a curadora de mostras históricas da 5ª Bienal do Mercosul, Neiva Bohns.

As obras foram executadas em 1960, quando a artista muda o rumo de seu trabalho. “Lygia começa a produzir obras que necessitam da participação do espectador para existirem. Deste modo, público e obra entram em uma relação dialética, em que a obra não existe sem o espectador, e vice-versa”, conceitua a curadora.

 Lygia expôs na Bienal de Veneza em 1960, 62 e 68, e, em Nova Iorque, em 1963. Teve uma Sala Especial na Bienal de São Paulo de 1963. Em 1966, expôs pela primeira vez seus Trepantes, obras também manipuláveis pelo público, feitas com borracha, plástico, caixas de fósforo e papelão, materiais novos do mundo industrial, integrados agora às artes plásticas. Lecionou na Sorbonne, em Paris, de 1970 a 75. Em 1978, começou a fazer experiências de utilização das obras como fins terapêuticos individuais. Dizia na época que era mais psicóloga que artista, criando situações experimentais em grupo. O fio condutor de sua obra é a relação entre corpo humano e arte.

Esta e outras obras de destaque na história da arte contemporânea podem ser vistas até o dia 4 de dezembro na 5ª Bienal do Mercosul. Os espaços: Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), Santander Cultural, Usina do Gasômetro, Cais do Porto, Largo Glênio Peres, Paço dos Açorianos, Memorial do Rio Grande do Sul, Museu de Comunicação Hipólito José da Costa e a orla do Guaíba, que abrigam a mostra, ficam à disposição do público, gratuitamente, de terça a domingo, das 9h às 21h.

Porto Alegre, 10 de novembro de 2005